domingo, 6 de setembro de 2009

Juntando os cacos


Considero a habilidade artística muito interessante, existe uma harmonia de movimentos, uma paciência e um cuidado fora do real. Infelizmente não nasci com nenhum dom artístico nem tenho vontade de entrar para o grupo das oficinas, dos ateliês da vida. Hoje digo pra mim mesma: Isso não é pra você, relaxe. Porque de certa forma dá uma vontade às vezes de tocar piano, pintar um quadro, jogar vôlei, construir painéis, essas coisas incríveis que as pessoas fazem por aí. E aí o que me acontece é pensar no que eu faço que reproduza e me convença de que eu também posso fazer coisas tão interessantes quanto. Conviver com os mosaicos do Marcello, toda hora aqui em casa me rende esses pensamentos. Pra quem nunca viu como se faz um mosaico, é só pensar em um azulejo qualquer quebrado, um desenho pensado, muita habilidade pra imaginar e modelar em cima de qualquer superfície, uma boa quantidade de rejunte e o resultado é que sempre fica bonito no final.E eu me pergunto o grau terapêutico que isso tem. Ou seja você quebra um azulejo perfeito e conserta fazendo mosaico, insano? Nada, eu faço isso em análise, sempre a imaginar situações, consertar, elaborar de várias maneiras. E o rejunte? O rejunte talvez seja a capacidade e a permissão que eu eu dou para a minha analista entrar nas minhas histórias, intervir na minha impossibilidade e incapacidade de percepção. Eu quase enlouqueci agora, preciso de um minuto, ou três horas pra saber porque escrevo essas coisas. Estou juntando os meus cacos.