quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

À procura do Natal



Caminharei em busca do presépio
a noite inteira, meu Senhor
Não haverá, porém, nenhuma estrela,
para guiar meus passos.
Todas as estrelas estarão imóveis
no céu imóvel.

Caminharei em busca do presépio,
a noite inteira, meu Senhor.
As estradas, porém, estarão solitárias,
tudo estará adormecido,
as luzes das casas, apagadas,
as vozes dos peregrinos terão morrido
na distância sem fim.

Caminharei ansioso à tua procura,
mas estarei tão atrasado,
o tempo terá caminhado tão na minha frente,
que me será difícil teu recanto humilde...
Cansado,encontrarei grandes cidades,
mas a tua cidade,Senhor, terá desaparecido...

Muitos se rirão de mim, sabendo que te procuro.

Não haverá nenhuma estrela
para mostrar o lugar em que te encontras.
Todas as estrelas estarão imóveis no céu...

Autor:Augusto Frederico Schmidt(1906-1965)/extraído do livro: As mais belas orações de todos os tempos.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Fim de ano


Eu tenho uma preferência insuportável pelo fim de ano. Normalmente fico mais generosa, faço planos e tenho certezas absolutas... e redundantes claro. Rezo mais, sinto mais, invento mais. Acredito em grandes novidades, me informo sobre o tempo, saio da prisão que crio em mim todo ano. Eu gosto das luzes de Natal, do presépio, das canções e das pessoas que circulam freneticamente pelas ruas apressadas, entusiasmadas, felizes, nostálgicas.Eu realmente fico fascinada pelas datas festivas, pelo barulho,pela comida,pelo cheiro das coisas guardadas, novas. Sinto tantas saudades dos finais de ano que eu nem vi passar, só passaram por mim sem que eu percebesse. Fé, nessa época eu tenho mais fé, não aquela fragmentada pelos contrapontos que nos abastecem ao longo dos dias, mas aquela fé inteira, fiel. Meu corpo fica mais sensível, pesado e leve ao mesmo tempo, preocupado, mas alegre. A esperança deixa de ser miserável e se refaz com as intuições presentes, com os desejos que se misturam com as chuvas que teimam em cair no mês de dezembro, nem isso atrapalha. Nem faz com que os sentimentos fiquem impacientes e se desgastem, são só alguns dias para aproveitar. Eu nada mais faço: Aproveito esses dias que não se arrastam, mas se agarram a mim exageradamente.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Clarice





"Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..."

Clarice Lispector

"O eu que Clarice Lispector persegue não é um que se encontra trancafiado em
sua individualidade, e, sim, um eu que se abre em possibilidades de dialogar como o
outro, que se dispersa e se metamorfoseia. Interessa-lhe investir no que se abriga na
caverna, no interior de cada um, justamente, por suspeitar da inexistência de uma
identidade pronta e definida, concebendo-a como algo que se instala fragilmente,
num ritmo de movência, de espraiamento que se constrói e se desconstrói a cada
instante-já, deixando vislumbrar um eu despedaçado e em fragmentação".

Escrito por Fernanda de Souza Teixeira em seu trabalho sobre:A FRAGMENTAÇÃO DO EU, uma leitura delicada sobre a obra Clarice Lispector.

sábado, 21 de novembro de 2009

Lembrei



Lembrei de me esquecer a tempo
Perdi meus maiores achados
Odiei por amor
Utilizei coisas inúteis
Paguei caro por prazeres baratos
Desafiei a lâmina afiada
Enterrei um sapo no terreiro
Quis não ter querer
Tentei não cair em tentação
Mas livrei-me dos livros
Pois eles não me livraram.
(Mauricio Baia/ Gabriel Moura)
http://www.youtube.com/watch?v=RSEsFtiDoLM

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Leitura obrigatória para nossa ansiedade de informação:












O Prazer de Ler: Sobre Leitura e Burrice

Ler pode ser uma fonte de inteligência. Freqüentemente é uma fonte de emburrecimento. Muitas, pessoas, inteligentes por nascimento, ficaram burras por excesso de leitura. Essa afirmação contraria aquilo que os professores dizem e fazem. Eles acreditam que livros, quanto mais, melhor. E a partir desse princípio, emprestado por analogia da antiga etiqueta culinária mineira, obrigam os seus alunos a ler lista infindáveis de livros - provas da seriedade de seu saber e do rigor de seus cursos: Na antiga culinária mineira era assim: vinha a dona da casa e enchia o prato da gente - e a gente comia com prazer. Aí, quando o prato estava raspado e limpo, a gente feliz com a barriga cheia, vinha ela com outra concha cheia e, sem pedir licença, reenchia o prato vazio que a gente era obrigado a comer. Essa prática se baseava em duas pressuposições. A primeira dizia que os estômagos são muito maiores do que parecem. A Segunda dizia que as pessoas sempre querem comer mais, e não o fazem por acanhamento. "Livros, quanto mais, melhor" é tão verdadeiro quanto "comida, quanto mais, melhor". Nietzsche disse que leva muito tempo para a gente ter coragem de dizer o que sabe. Faz muito tempo que sei que o excesso de leitura faz mal para a inteligência, mas nunca me atrevi a dizê-lo. Tinha medo de ser condenado à fogueira. A coragem me veio quando descobri um aliado: um livrinho muito pequeno - pode ser lido em meia hora -, Sobre livros e leitura. Autor: Arthur Schopenhauer. Como ninguém se atreverá a acusar o filósofo inimigo da leitura e do pensamento, transcrevo o que ele escreveu: "Quando lemos, outra pessoa pensa por nós: só repetimos o seu processo mental. Durante a leitura nossa cabeça é apenas o campo de batalha de pensamentos alheios". Em outras palavras: ler é um exercício de alienação. Alienação é a palavra que os ativistas políticos de eras passadas cobriram de excrementos. Nome feio e malcheiroso. Foi identificada com um estado no qual a pessoa não tem consciência do que está acontecendo no mundo em que vive, o oposto da tão louvada "consciência crítica", expressão obrigatória em todo o documento sobre educação. A palavra vem do latim, alius, "outro". O alienado é uma pessoa que está fora de si, caminha num mundo que não é o seu; é de outro. Para ler é preciso fazer "parar meu mundo". Se o mundo que me é próprio não for "desligado", não poderei entrar no mundo que se encontra no livro. Abro o livro. Desligo meu mundo. Começo a leitura. Entro num mundo que não é meu; é de outro. A alienação é uma das fontes do prazer da leitura. Por meio dela sou capaz, ainda que por um curto espaço de tempo, de sair de minha realidade e viver a realidade do outro. Ainda ontem, relendo a parte final do livro Zorba, comecei a chorar. O feitiço da leitura faz com que eu me esqueça de meu mundo e me transporte para o lado de Zorba. Esse exercício voluntário de alienação é parte da boa saúde mental, e quem não consegue fazê-lo é porque está meio enlouquecido. Mas aquilo que é remédio, no varejo, vira veneno, no atacado. Schopenhauer continua: " Daí se segue que aquele que lê muito e quase o dia inteiro, e que nos intervalos se entretém com passatempos triviais, perde, paulatinamente, a capacidade de pensar por conta própria. Porque quanto mais lemos menos rastro deixa no espírito o que lemos: é como um quadro negro, no qual muitas coisas foram escritas, uma sobre as outras. Assim, não se chega à ruminação: é só com ela que nos apropriamos do que lemos, da mesma forma como a comida não nos nutre pelo comer mas pela digestão". Ele continua: "É por isso que, no que se refere as nossas leituras, a arte de não ler é sumamente importante". Por vezes, ao ver as listas de livros indigestos e sem sabor que os professores obrigam seus alunos a ler, tenho visões infernais de um buffet imenso, centenas de pratos - que os alunos são obrigados a comer (digerir e assimilar é outra coisa. Via de regra a refeição acadêmica termina em vômito ou diarréia. O engolido é esquecido). "Esse é o caso de muitos eruditos: leram até ficarem estúpidos. Porque a leitura continua, retomada a todo instante, paralisa o espírito ainda mais que um trabalho manual contínuo, já que neste ainda é possível estar absorto nos próprios pensamentos". Nietzsche pensava o mesmo. Eis o que ele disse no Ecce Homo: "Os eruditos, que hoje nada mais fazem que dedar livros (ir virando as páginas com o dedo), acabam por perder inteiramente a capacidade de pensar por eles mesmos.
Enquanto vão lendo não pensam. Os eruditos gastam todas as suas energias dizendo Sim e Não na crítica daquilo que outros pensaram - eles mesmos não tem mais a capacidade de pensar. Vi com meus próprios olhos: pessoas bem-dotadas e com liberdade de espírito que, aos trinta anos, já haviam lido a ponto de se arruinar..." É um equívoco imaginar que a quantidade de livros lidos desenvolve a capacidade de pensar. Comida ingerida em grande quantidade prova perturbações digestivas ou obesidade. Eruditos, com freqüência, são obesos de espírito. Livros lidos em grande quantidade provocam perturbações no pensamento. Borges, numa conferência sobre "O livro", cita Sêneca, quem censura o dono de uma biblioteca de cem livros. "Quem", ele pergunta, "é capaz de ler cem livros?" Nietzsche, no mesmo espírito, diz que ele se contentava em ler poucos livros. E acrescenta: "Uma sala de leitura (salas enormes, nas bibliotecas, onde se vai ler) me deixa doente". Pelo que conheço das práticas escolares, esse é o resultado das leituras, nas escolas. Os alunos aprendem que as coisas importantes estão escritas em livros, e com isso eles são desencorajados de pensar seus próprios pensamentos. Pesquisar é fazer resumos dos artigos da Barsa. Num trabalho acadêmico, tudo o que o aluno diz tem de ser confirmado por aquilo que outro disse num livro - um nome e uma data entre parênteses. Os alunos terminam por pensar que a educação é parar de pensar seus próprios pensamentos e pensar os pensamentos de outros - pelos quais eles não têm o menor interesse. Valendo-me das metáforas culinárias, atrevo-me a dizer, com freqüência, as chamadas avaliações escolares (as provinhas) são ocasiões pós-refeição em que provocam vômitos intelectuais nos alunos, para verificar se o vomitado é idêntico ao que foi engolido. Eu me alimento de alguns livros diariamente: eles podem ser maravilhosos. Mas é preciso que sejam comidos com prazer para fazer bem à inteligência. E note que "prazer" não quer dizer "facilidade". Existe um prazer imenso em escalar uma montanha...Livros comidos com prazer são livros a serem ruminados pelo resto da vida. Livros não-ruminados são livros esquecidos. Não entraram no sangue, não viraram carne. Mas ruminação é virtude que se deve aprender com as vacas. Rumina-se num tempo de vagabundagem, de paciência e pachorra, tempo quando não se pasta. Mas essas são virtudes que os educadores não conseguiram incluir em suas pedagogias e psicologias.

Texto extraído do livro "Entre a Ciência e a Sapiência: O Dilema da Educação", de
Rubem Alves, Ed. Loyola.

O fim é lindo


Fabrício Carpinejar


Minha casa é estranhamente regulada. Quando uma lâmpada queima, as outras vão junto. É um boicote que aumenta em minutos para testar a paciência. O gás da cozinha falta bem no momento da janta, e logo de madrugada, com o objetivo de me constranger ao telefone com uma lista infindável de entregadores. Se o computador estraga, o chuveiro também e o microondas sofre problemas de circuito. Confio que os aparelhos se imitam e conversam entre si. Devem reivindicar melhores condições de trabalho e uso, cobrar insalubridade, ou estão cansados das extensões e da sobrecarga indevidas. O certo é que minha casa é grevista. Insurgente. Nunca acontece de algo quebrar isoladamente.

Cheguei a minha residência depois de uma série de viagens. E mal acendi a luz, puf, puf, puf. Meu dedo estalou em cada interruptor. Teve até choque. Foi patético, para não dizer desanimador. Corredores mexendo as sombras, as paredes escorrendo a cegueira.

Mas, um pouco antes de explodirem, as lâmpadas aumentaram sua fosforescência. Puxaram todo o resto de força para refulgirem a extinção. Estenderam seus aros como nunca antes, com a potência de um refletor.

O mesmo ocorreu com o gás de cozinha, a chama das bocas subiu com perigosa curiosidade. Poderia ouvir o fogo gemer. Ele escurecia as bordas das panelas com sua assinatura. Quase formava os dedos de uma mão.

Conclui que o fim é lindo.

Assim como as luzes da casa e do fogão, o amor perto do desastre não se economiza. Não mais se contém. É desesperadamente transparente.

Um casal diante do fim terá a grande noite de sua vida por não prever uma próxima. Sairá do esconderijo porque não se vê mais seguro. Mostrará do que é capaz. Queimará o que guardou, não fará mais nenhum jogo, esquecerá a sedução e os conselhos dos amigos. Mais intensidade do que intenção.

É o escândalo da verdade. Tímidos se transformam em terroristas, calmos ficam enervados, pacientes se portam como histéricos. Por um instante, não há medo de fazer as propostas mais desvairadas, confessar palavras reprimidas, estender os olhos como um lençol limpo.

O fim é lindo. Do crepúsculo, de uma vela, de uma chuva. O fim é esperançoso, exigente. Pancadas de beleza. O som e o sol pulam como um suicida ao avesso para dentro da vida.


quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Violetas


"Flores à mostra e música.
Prosa.
Doce e sal.
Dor e gozo.
Aconchego... só vestígios,
Consolo, preciso de recanto.
Ficar ou ir?
Cair.
Desatino ou piedade?
Coragem.
O corpo me abandona a cada dia.
E qual é o lugar do meu alívio?
Escolhas, pensamentos impróprios.
Caos, me tirem daqui!
Eu preciso ir agora.
Já é tarde e sinto frio,
Pra vocês é cedo e ainda faz calor.
Permitam que eu me retire.
Esgotei minhas reservas,
Não há mais nada que eu ou você possamos fazer.
Estou de partida,
Preciso que me beijem, que me aceitem, que me apertem!
Eu preciso me sentir pela última vez.
O toque das suas mãos, o calor do seu corpo, o som da sua voz.
Desfaleço."

terça-feira, 6 de outubro de 2009

A Clínica do Trágico




Luiz Felipe Pondé, filósofo, psicanalista, doutor em filosofia moderna, participou do café filosófico em Campinas. O vídeo com algumas de suas colocações é excelente! Ele contradiz os pilares da psicomotricidade, da psicologia cognitiva, enfim de qualquer utopia que nos prenda.

http://www.cpflcultura.com.br/video/integra-clinica-do-tragico

sábado, 3 de outubro de 2009

Peito vazio (Cartola)



"Nada consigo fazer
Quando a saudade aperta
Foge-me a inspiração
Sinto a alma deserta
Um vazio se faz em meu peito
E de fato eu sinto
Em meu peito um vazio
Me faltando as tuas carícias
As noites são longas
E eu sinto mais frio.
Procuro afogar no álcool
A tua lembrança
Mas noto que é ridícula
A minha vingança
Vou seguir os conselhos
De amigos
E garanto que não beberei
Nunca mais
E com o tempo
Essa imensa saudade que sinto
Se esvai"

Quando ouço a música, encontro um espaço para a angústia e o vazio persistentes.

domingo, 6 de setembro de 2009

Juntando os cacos


Considero a habilidade artística muito interessante, existe uma harmonia de movimentos, uma paciência e um cuidado fora do real. Infelizmente não nasci com nenhum dom artístico nem tenho vontade de entrar para o grupo das oficinas, dos ateliês da vida. Hoje digo pra mim mesma: Isso não é pra você, relaxe. Porque de certa forma dá uma vontade às vezes de tocar piano, pintar um quadro, jogar vôlei, construir painéis, essas coisas incríveis que as pessoas fazem por aí. E aí o que me acontece é pensar no que eu faço que reproduza e me convença de que eu também posso fazer coisas tão interessantes quanto. Conviver com os mosaicos do Marcello, toda hora aqui em casa me rende esses pensamentos. Pra quem nunca viu como se faz um mosaico, é só pensar em um azulejo qualquer quebrado, um desenho pensado, muita habilidade pra imaginar e modelar em cima de qualquer superfície, uma boa quantidade de rejunte e o resultado é que sempre fica bonito no final.E eu me pergunto o grau terapêutico que isso tem. Ou seja você quebra um azulejo perfeito e conserta fazendo mosaico, insano? Nada, eu faço isso em análise, sempre a imaginar situações, consertar, elaborar de várias maneiras. E o rejunte? O rejunte talvez seja a capacidade e a permissão que eu eu dou para a minha analista entrar nas minhas histórias, intervir na minha impossibilidade e incapacidade de percepção. Eu quase enlouqueci agora, preciso de um minuto, ou três horas pra saber porque escrevo essas coisas. Estou juntando os meus cacos.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Encontro















Sempre tive muitas idéias circulando na minha cabeça. Costumava ficar cansada, vazia, perdida, esquecida, enlouquecida, entre outras características indescritíveis.
No entanto,desde que iniciei meu trabalho com crianças tenho refletido um pouco mais sobre esses pensamentos invasivos e o impressionante é que por esse contato minhas teorias às vezes batem, minhas idéias em alguns segundos se cruzam, e tudo faz tanto mais tanto sentido em um rápido instante, que eu me encontro, eu me acho no lugar distante, eu refaço, preencho, ganho energia. É tocante como o encontro afetivo é intenso e sincero. Como as crianças te aceitam rápido. A relação flui tão facilmente que eu me esqueço de pensar contra mim, de lutar contra o meu corpo, de apagar a idéia nova. Eu me esqueço de fingir, de atuar, de questionar o que não tem explicação. Tudo tão simples.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

O manejo do Bonsai e a sinestesia, uma prática psicomotora?





Sou curiosa demais e me intrometo facilmente nas coisas que me tocam. Descobri o Bonsai há uns meses e estou loucamente hipnotizada por essa arte. Bonsai é uma palavra japonesa que significa árvore em uma bandeja. O Bonsai precisa de um cuidado diário e a técnica utilizada vai muito além. Para o manejo com a pequena árvore, é importantíssimo trabalhar o corpo com a postura no ato do cultivo, a respiração diafragmática, a harmonia visual, o contato com a terra, os insumos utilizados, as ferramentas e o equilíbrio do movimento. Por isso estou completamente enlouquecida pra articular o manejo com bonsai e a prática psicomotora, corri pra buscar alguns textos que pudessem falar um pouco disso aqui no Brasil, mas não encontrei, a não ser o material do Marcelo Miller, um argentino que veio para o Brasil e inseriu a prática do bonsai por aqui. Por enquanto, ele é meu guru pra começar a pensar nessa relação dialógica. O Eu-isso, de Buber caberia perfeitamente aqui na prática relacional bonsai e psicomotricidade, mas sobre Martin Buber eu falo daqui a pouco. Estou hipnotizada.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Limão Galego


Hoje não me interessei por nada, não me esforcei para saber nada de útil, nem me preocupei com meus devaneios supérfluos. Não abri minha boca para falar verdades nem muito menos mentiras. Minha irritação durou basicamente o dia inteiro e eu não quis saber o motivo. Preferi me calar só pra não correr o risco de escapar conflitos ou até mesmo bobagens. Eu simplesmente não quis falar. Minhas tranferências foram negativas pra tudo que eu ousasse olhar, nada chamou minha atenção e eu perdi um pouco a razão quando percebi o quanto estava frágil meu humor. Humor, hoje eu não tive humor. Permaneci apática e nem foi tão sacrificante. Estive fora de mim um pouco pra me dar um descanso. Só que já está acabando o dia e eu não resolvi minhas angústias camufladas, minha passividade indigna, meus tormentos presentes. Não me sobrou tempo pra sentir nada, nem ao menos vontade de sair do marasmo.Estou entregue a minha indiferença e incoerência. Ter bom senso todos os dias cansa a pele, envelhece, preciso de um dia pra não estar em mim, preciso de água com gotas de limão galego.


quinta-feira, 2 de julho de 2009

Diabulimia







Será que é pouca a reflexão que fazemos a nosso respeito? Quantos dias mais para sofrer? Quantas horas a mais para escapar de nós mesmos?Até quando vamos nos movimentar para a destruição de nosso corpo?Tão separado, tão desconexo...
"... e que a coisa não tinha remédio. E por dentro me mordia, me desgarrava, me corroia, até que a amargura se tornava uma doçura vergonhosa, maldita e, ao final, um indiscutível grande prazer..." (F. Dostoiévski, Memórias do Subterrâneo).

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Um encontro crônico.






O Hipertenso e a Diabética resolveram namorar.


A paixão deles, explosiva, lembrava até mesmo seus índices,


Diziam que o Hipertenso, sempre com a pressão alta, iria sucumbir aos elevados níveis de
glicemia da Diabética.


Mas era quase impressionante como eles se complementavam e isso não fazia diferença,


O sal precisava do doce e o doce é claro tinha necessidade do sal pra sentir prazer,


A história deles era assim, sempre acompanhada por alguns especialistas,


Alguns sérios, outros nem tanto.


Digo sérios para aqueles que viraram os dois no avesso procurando alguma representação simbólica,


E os nem tanto, para tamanha falta de afeto em enxergar esses desencontros desmedidos.


O desejo era que eles se tornassem inteiros e conexos com mais frequência,


Sem as alterações que faziam dos dois, perdidos,


Em alguns momentos isso era de fato impossível,


Ficavam algumas vezes partidos em seus supostos limites,


Precisavam de remédio diariamente para viver.


Precisavam de movimento, apoio e um grupo que os acompanhasse,


A Diabética queria comer chocolate e o Hipertenso amendoim salgado, era uma loucura!


O tempo ainda passa pra eles,


A paixão cresce em dias e noites de muita fome


Muita ansiedade, preocupação, tristeza, incerteza e insegurança.


Porque eles não se desligam quase nunca.


segunda-feira, 18 de maio de 2009

Minha santa ignorância.


Eu costumo dizer erroneamente que deve ser bom ser fonte de conhecimento, saber de assuntos específicos, falar de várias coisas importantes, explicar e entender recentes descobertas. Mas isso é tão absurdo, eu sou tão ignorante que me surpreendo diariamente com as fontes que descubro. Por exemplo, no mês passado conheci Kabir, um poeta indiano que escreveu coisas lindas que eu nunca tinha pensado antes como as sensações e memórias que guardamos no nosso corpo. Ele provavelmente não tirou isso do nada. Conheci também, com muita vergonha, por não ter conhecido antes: Osman Lins. No primeiro conto que li dele, chorei de soluçar, e já coloquei nos meus arquivos mentais, lindo. Ouvi esses dias também de um filósofo muito atual: Mário Cortella, que os nossos desejos estão sendo confundidos por nós por direitos. Ou seja, eu desejo aquilo e me acho no direito de possuí-lo. Incrível como ele chegou nessa conclusão, pensando agora é tão claro. Descobri em Bauman que o desejo deseja o desejo e não a satisfação, e que essa é a marca do ser globalizado. E me senti imensamente diferente por isso.
Não existe a fonte, existem dezenas delas espalhadas, trezenas de idéias circulando que não são minhas nem serão, mas não me impeço de apreciá-las. Fico um pouco irritada às vezes porque todos pensavam ou pensam coisas tão comuns a mim hoje, tão próximas daquilo que estou sendo agora. É esquisito, mas em cada singularidade existe um número enorme de discursos, textos, histórias e contextos que trazem aquilo que vai se tornar só nosso.
E a minha santa ignorância é tão plena. Com muito prazer que venham conhecimentos sentidos e que tentem me convencer de que não é só isso.

A partida




"Hoje, revendo minhas atitudes quando vim embora, reconheço que mudei bastante. Verifico também que estava aflito e que havia um fundo de mágoa ou desespero em minha impaciência. Eu queria deixar minha casa, minha avó e seus cuidados. Estava farto de chegar a horas certas, de ouvir reclamações; de ser vigiado, contemplado, querido. Sim, também a afeição de minha avó incomodava-me. Era quase palpável, quase como um objeto, uma túnica, um paletó justo que eu não pudesse despir.
Ela vivia a comprar-me remédios, a censurar minha falta de modos, a olhar-me, a repetir conselhos que eu já sabia de cor. Era boa demais, intoleravelmente boa e amorosa e justa.
Na véspera da viagem, enquanto eu a ajudava a arrumar as coisas na maleta, pensava que no dia seguinte estaria livre e imaginava o amplo mundo no qual iria desafogar-me: passeios, domingos sem missa, trabalho em vez de livros, mulheres nas praias, caras novas. Como tudo era fascinante! Que viesse logo. Que as horas corressem e eu me encontrasse imediatamente na posse de todos esses bens que me aguardavam. Que as horas voassem, voassem!
Percebi que minha avó não me olhava. A princípio, achei inexplicável ela fizesse isso, pois costumava fitar-me, longamente, com uma ternura que incomodava. Tive raiva do que me parecia um capricho e, como represália, fui para a cama.
Deixei a luz acesa. Sentia não sei que prazer em contar as vigas do teto, em olhar para a lâmpada. Desejava que nenhuma dessas coisas me afetasse e irritava-me por começar a entender que não conseguiria afastar-me delas sem emoção.
Minha avó fechara a maleta e agora se movia, devagar, calada, fiel ao seu hábito de fazer arrumações tardias. A quietude da casa parecia triste e ficava mais nítida com os poucos ruídos aos quais me fixava: manso arrastar de chinelos, cuidadoso abrir e lento fechar de gavetas, o tique-taque do relógio, tilintar de talheres, de xícaras.
Por fim, ela veio ao meu quarto, curvou-se:
- Acordado?
Apanhou o lençol e ia cobrir-me (gostava disto, ainda hoje o faz quando a visito); mas pretextei calor, beijei sua mão enrugada e, antes que ela saísse, dei-lhe as costas.
Não consegui dormir. Continuava preso a outros rumores. E quando estes se esvaíam, indistintas imagens me acossavam. Edifícios imensos, opressivos, barulho de trens, luzes, tudo a afligir-me, persistente, desagradável - imagens de febre.
Sentei-me na cama, as têmporas batendo, o coração inchado, retendo uma alegria dolorosa, que mais parecia um anúncio de morte. As horas passavam, cantavam grilos, minha avó tossia e voltava-se no leito, as molas duras rangiam ao peso de seu corpo. A tosse passou, emudeceram as molas; ficaram só os grilos e os relógios. Deitei-me.
Passava de meia-noite quando a velha cama gemeu: minha avó levantava-se. Abriu de leve a porta de seu quarto, sempre de leve entrou no meu, veio chegando e ficou de pé junto a mim. Com que finalidade? - perguntava eu. Cobrir-me ainda? Repetir-me conselhos? Ouvi-a então soluçar e quase fui sacudido por um acesso de raiva. Ela estava olhando para mim e chorando como se eu fosse um cadáver - pensei. Mas eu não me parecia em nada com um morto, senão no estar deitado. Estava vivo, bem vivo, não ia morrer. Sentia-me a ponto de gritar. Que me deixasse em paz e fosse chorar longe, na sala, na cozinha, no quintal, mas longe de mim. Eu não estava morto.
Afinal, ela beijou-me a fronte e se afastou, abafando os soluços. Eu crispei as mãos nas grades de ferro da cama, sobre as quais apoiei a testa ardente. E adormeci.
Acordei pela madrugada. A princípio com tranqüilidade, e logo com obstinação, quis novamente dormir. Inútil, o sono esgotara-se. Com precaução, acendi um fósforo: passava das três. Restavam-me, portanto, menos de duas horas, pois o trem chegaria às cinco. Veio-me então o desejo de não passar nem uma hora mais naquela casa. Partir, sem dizer nada, deixar quanto antes minhas cadeias de disciplina e de amor.
Com receio de fazer barulho, dirigi-me à cozinha, lavei o rosto, os dentes, penteei-me e, voltando ao meu quarto, vesti-me. Calcei os sapatos, sentei-me um instante à beira da cama. Minha avó continuava dormindo. Deveria fugir ou falar com ela? Ora, algumas palavras... Que me custava acordá-la, dizer-lhe adeus?
Ela estava encolhida, pequenina, envolta numa coberta escura. Toquei-lhe no ombro, ela se moveu, descobriu-se. Quis levantar-se e eu procurei detê-la. Não era preciso, eu tomaria um café na estação. Esquecera de falar com um colega e, se fosse esperar, talvez não houvesse mais tempo. Ainda assim, levantou-se. Ralhava comigo por não tê-la despertado antes, acusava-se de ter dormido muito. Tentava sorrir.
Não sei por que motivo, retardei ainda a partida. Andei pela casa, cabisbaixo, à procura de objetos imaginários, enquanto ela me seguia, abrigada em sua coberta. Eu sabia que desejava beijar-me, prender-se a mim, e à simples idéia desses gestos, estremeci. Como seria se, na hora do adeus, ela chorasse?
Enfim, beijei sua mão, bati-lhe de leve na cabeça. Creio mesmo que lhe surpreendi um gesto de aproximação, decerto na esperança de um abraço final. Esquivei-me, apanhei a maleta e, ao fazê-lo, lancei um rápido olhar para a mesa (cuidadosamente posta para dois, com a humilde louça dos grandes dias e a velha toalha branca, bordada, que só se usava em nossos aniversários)..."


Osman Lins: http://www.osman.lins.nom.br/

(“Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século”)

segunda-feira, 4 de maio de 2009

A águia que

“O tempo está chegando quando o homem não mais lançará a
flecha do seu desejo para além de si mesmo e a corda do seu
arco se esquecerá de como vibrar ... O tempo está chegando,
quando o homem não mais dará à luz de uma estrela.
O tempo do mais desprezível dos homens...” (Nietzsche)
"A idéia desta estória não é minha. Meu é só o jeito de contar... Sobre uma águia que foi criada num galinheiro. E foi aprendendo sobre o jeito galináceo de ser, de pensar, de ciscar a terra, de comer milho, de dormir em poleiros... E na medida em que aprendia, ia esquecendo as poucas lembranças que lhe restavam do passado. É sempre assim: todo aprendizado, os vôos nas nuvens,o frio das alturas, a vista se perdendo no horizonte, o delicioso sentimento de dignidade e liberdade... Como não havia ninguém que lhe falasse destas coisas, e todas as galinhas cacarejassem os mesmos catecismos, ela acabou por acreditar que ela não passava de uma galinha com perturbação hormonal, tudo grande demais, aquele bicocurvo, sinal certo de acromegalia, e desejava muito que seu cocô tivesse o mesmo cheiro certo do cocô das galinhas...
Um dia apareceu por lá um homem que vivera nas montanhas e vira o vôo orgulhoso das águias.
-“Que é que você faz aqui?”, ele perguntou.
-“Este é meu lugar”, ela respondeu. “Todo mundo sabe que galinhas vivem em galinheiros, comem milho, ciscam o chão, botam ovos e finalmente viram canja: nada se perde, utilidade total...”
- “Mas você não é galinha”, ele disse. “É uma águia”.
- “De jeito nenhum. Águia volta alto. Eu nem sequer, voar sei.
- Pra dizer a verdade, nem quero. A altura me dá vertigens.
- É mais seguir andando, passo a passo.
E não houve argumento que mudasse a cabeça da águia esquecida. Até que o homem, não agüentando mais ver aquela coisa triste, uma águia transformada em galinha, agarrou a águia à força, e a levou até o alto de uma montanha. A pobre águia começou a cacarejar de terror, mas o homem não teve compaixão; jogou-a no vazio do abismo. Foi então que o pavor, misturado a memórias que ainda moravam em seu corpo, fez as asas baterem,a princípio em pânico, mas pouco a pouco com tranqüila dignidade, até se abrirem confiantes, reconhecendo aquele espaço imenso que lhe fora roubado. E ela finalmente compreendeu que seu nome não era galinha, mas águia... "
(Rubem Alves)

sexta-feira, 1 de maio de 2009

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Meu poema favorito


Tem sempre um aplauso embutido em mim quando eu releio isso.
Cântico negro

José Régio

"Vem por aqui" —

dizem-me alguns com os olhos doces

Estendendo-me os braços, e seguros

De que seria bom que eu os ouvisse

Quando me dizem: "vem por aqui!"

Eu olho-os com olhos lassos,(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)

E cruzo os braços, E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:Criar desumanidades!

Não acompanhar ninguém.

— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade

Com que rasguei o ventre à minha mãe

Não, não vou por aí! Só vou por onde

Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde

Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,

Redemoinhar aos ventos,

Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,

A ir por aí...Se vim ao mundo, foi

Só para desflorar florestas virgens,

E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!

O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós

Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem

Para eu derrubar os meus obstáculos?

...Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,

E vós amais o que é fácil!

Eu amo o Longe e a Miragem,

Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,Tendes jardins, tendes canteiros,

Tendes pátria, tendes tetos, E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...

Eu tenho a minha Loucura !Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,

E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!

Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;

Mas eu, que nunca principio nem acabo,

Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,

Ninguém me peça definições!Ninguém me diga: "vem por aqui"!

A minha vida é um vendaval que se soltou,

É uma onda que se alevantou,

É um átomo a mais que se animou...

Não sei por onde vou, Não sei para onde vou

Sei que não vou por aí!


terça-feira, 7 de abril de 2009

Sonho Estranho!!!













Estou lendo novamente Holding e interpretação do Winnicott. Ontem li tanto que acabei sonhando com um monte de coisas estranhas no meio da noite e no começo da manhã. Sei lá se são realmente coisas estranhas. Provavelmente não. O paciente do Winnicott, no livro, relata diversos sonhos esquisitíssimos no meio das suas sessões e de fato isso me chamou atenção. Agora, de que lugar eu tirei um bolo de chocolate no forno crescendo por conta do fermento?? Na verdade eram vários bolos e tortas salgadas crescendo no forno por causa de um tal de fermento. Eu acordei no meio da noite e pensei: preciso fazer um bolo agora. Só que eu não tinha forma de bolo, ainda não temos formas de bolo aqui em casa. E lógico, eu não tinha os ingredientes nem muito menos fermento. Precisamos providenciar. Em resumo, fiquei meio acordada com a idéia de fazer um bolo ou uma torta sei lá. Mas, eram 3:48 da manhã e eu precisava dormir, virei de um lado e de outro e depois de uns 20 minutos acho, dormi de novo. Pela manhã, bem cedinho, sonhei que estava em uma praia que eu não conheço. A faixa de areia era pequena, eu me lembro de umas pedras grandes. Como essas da foto. Na praia, poucas pessoas: Minha mãe, minha avó e um moço. Como estavam do outro lado da praia eu tinha que tentar chegar mais perto das pedras pra poder falar com a minha mãe e a minha avó, só que eu não conseguia chegar porque parecia hipoglicêmica, ou bêbada, ou fraca. Eu rastejava na areia da praia pra chegar do outro lado, mas não conseguia. Rastejando, consegui chegar nas pedras e aí encontrei o moço que me fez várias perguntas sobre a minha vida, tipo: O que eu estava fazendo, em que eu estava trabalhando, com quem eu estava namorando, se eu estava feliz, essas coisas. Eu não me lembro se eu respondi todas as perguntas, mas eu consegui caminhar com dificuldade até o outro lado pra falar com as duas. Só que quando eu cheguei lá, elas saíram correndo. A minha avó estava linda, seu semblante era muito bonito e ela estava correndo, isso mesmo, correndo muito bem. Agitada, eu falei: Vó, espera, não corre.
Acordei.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Ninguém mais diz não sei










"Não conheço mais ninguém que diga, com ares de autêntica modéstia: "não sei". Todos professam conhecimento sobre tudo, opinam sobre qualquer coisa, exercem uma rede de certezas que me deixa entontecido. Parece que virou crime dizer "não sei".
Se o cara fala isso no emprego, logo será encaminhado ao departamento pessoal e fichado no arquivo morto. Se ele diz para a esposa ou namorada, sugere que andou aprontando. Basta chegar em casa tarde da noite e a mínima indefinição transforma-se em suspeita de infidelidade. A regra é falar sem parar, mesmo quando o assunto não começou. Diálogos epilépticos, pulando freneticamente de temas, sem fim possível. Ou é uma época prodigiosa de gênios ou a maioria das pessoas está mentindo.
Houve um tempo em que se queria ser Napoleão no hospício e Pelé, Martha Rocha, Einstein e Fellini na vida. Hoje o desejo secreto de cada um é ser Google. As conversas giram em torno de referências e não de conteúdos. Encontra-se a informação, mas não se desenvolve o raciocínio para chegar até ela. O mais importante na matemática é o cálculo, nunca o resultado final. Fica-se atualmente satisfeito com o resultado e se envaidece de dizê-lo com rapidez, na ponta da língua. A velocidade tornou-se o objetivo primordial. A busca se encerra no próprio ato final antes de ter realmente começado. O que adianta uma herança que não é vivida?
Com a internet, orkut e céleres estruturas de informação, apesar de tantas virtudes comunicativas e de convivência que geraram, criou-se uma geração de palpiteiros, mais do que formadores de opinião. A vivência foi substituída pela vidência. Pior que enganar os outros é se enganar. Na verdade, dura verdade, a cultura não se adquire sem esforço, inquietações, ensaios e exercícios, vacilos e resistência. A memória não se dá bem com facilidades. A afetividade se desenvolve na dúvida, na absorção amadurada do raciocínio. Inteligência é também a humildade de se calar e de se retirar para estudar mais, ao contrário do que vem sendo alardeado aos quatro cantos do cérebro: de falar a todo momento para mostrar erudição. Ninguém mais leva tema para casa. Até as crianças estão ansiosas demais para escutar histórias e repetem "eu sei" no início delas. Não é um sintoma da pressa essa conversa fiada sem a devida contrapartida da lentidão de ouvir e aprender? A necessidade de aceitação social não estaria matando a honestidade da solidão?
Acredito que é o momento de preservar a ignorância, de instaurar uma "Renascença às avessas". Se a Renascença valorizou o homem completo, o Leonardo da Vinci, a multiplicidade dos talentos em um único indivíduo (pintor, inventor, fabulista, cientista, poeta, pensador), deve-se entusiasmar agora o "homem incompleto", insuficiente, que admite desconhecer temas e assuntos para não atrofiar sua curiosidade. Sem curiosidade, não há nem motivo para estar aqui lendo a Super ou este artigo.
Um teólogo das antigas, Nicolau de Cusa (1401-1464), elogiado por Giordano Bruno, escreveu um livro chamado Douta Ignorância, em que recomenda a conscientização do que não se aprendeu para saber mais. Quem não sabe vai atrás. Quem diz que sabe apenas se conforma em dizer que sabe. A sinceridade é a melhor forma de não sofrer para depois explicar o que o Google não listou. Viver já é uma pós-graduação e não admite fingimentos porque a vida não dá trégua para a imaginação ou fornece instruções de comissário de bordo. Exige o mais difícil sempre. Antes de um beijo, de um abraço, de uma despedida, não se recebe pausa para pensar o que fazer e escrever rascunhos. Não há tempo para raciocinar nem existe curso preparatório para viver — vive-se de cara.
O filósofo romeno E.M. Cioran, por exemplo, autor da obra Silogismos da Amargura, produziu breves apontamentos e retratos sobre a história das idéias. Ele era um apóstolo do pessimismo, mas alguns de seus textos mostram que pensar além das aparências também serve como bombinha para o pulmão, pois a realidade pode sufocar o talento e a criatividade."
Escrito por Fabrício Carpinejar

segunda-feira, 23 de março de 2009

Psicomotricidade









"Ter a possibilidade de mudar objetivos e ações, não se perdendo no rastro do desejo, mesmo que o caos ocorra, é permitir o exercício de reconstrução e organização de um corpo que não se abstém e muito menos se perpetua nas amarras do que lhe dá sentido e na relação com o seu próprio eu/não eu. Entre o ser/corpo e o estar/corpo, mediado pelo tempo que não pode ser sem o espaço, será, talvez, o lugar do encontro da unicidade do ser, enquanto que a falta de existência desse corpo, fora do tempo e do espaço, desse não ser, significa abdicar do sentido maior, do sentido da própria existência. A clareza e a possibilidade de viver essa mediação, se dá através da ação corporal, no espaço de liberdade, onde o corpo possa ser/estar, orientado por um espaço/tempo que lhe é próprio, permitindo expandir o quanto possa e, nessa expansão, negar-se a ser pequeno.
Nesse espaço expansivo e de ação, o objeto traz a representação, evoca o passado através do presente, e este por sua vez denuncia o futuro; a circularidade se faz presente, não no movimento do enclausuramento, mas na direção da espiral, e o desenvolvimento assim se faz na organização/reorganização. O objeto aqui deve ser entendido como o próprio corpo ou o corpo do outro ou objetos comuns, matéria com forma, que permitem por sua presença, a evocação de lembranças e representações advindas das redes perceptuais, dando sentido a ação e direção ao ato motor. "

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009


Metade
Oswaldo Montenegro
Composição: Oswaldo Montenegro
Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso e a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste, que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui
Mas a outra metade eu não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é a platéia
A outra metade é a canção.
E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009



CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO
EM ÉTICA APLICADA E BIOÉTICA
DO INSTITUTO FERNANDES FIGUEIRA / FIOCRUZ
Inscrições até 6 de março de 2009.


Células Tronco

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Aquelas três ali.



Recordar, repetir, elaborar.

Lembranças



A prasta da minha avó!

Alguns conhecem como bolinho de chuva, outros simplesmente como bolinhos, pra mim, para os meus primos e para todos os 11 filhos da minha avó Laura: Prasta. Tem a prasta doce e a salgada. A salgada era acompanhada sempre com um café preto bem quentinho. Já a prasta doce tinha um recheio que nada mais era que um pouco da massa crua que ficava dentro. E esse recheio era super importante, todos queriam e só a minha avó sabia fazer. Inúmeros pedidos eram feitos, no verão, no inverno, não tinha um tempo ideal pra comer prasta. Diferente de tomar sorvete quando está muito calor. Para fazer a prasta era utilizada sempre a mesma tigela vermelha e sempre a mesma panela. Nunca vi diferente. Parecia até que era simpatia. Mas, bobagem. A minha avó não acreditava nessas coisas. E ainda não acredita! O cheiro era característico e trazia todos para o aconchego da cozinha ouvindo o barulho constante do exaustor. A minha avó nunca se incomodou em fazer aquela enorme quantidade de prastas. Meu Deus! Era muito bom!Tomar café da tarde na companhia da minha avó com as suas cantaroladas durante todo o processo: Os ingredientes, a massa mole batida sempre a mão, nunca em batedeira alguma. O óleo quente na panela. Que engordar que nada, era uma delícia! Ainda posso sentir o vento das tardes de prastas na casa da minha avó. Ventos bons. Ainda tiro os segredos culinários escondidos na memória de minha avó. Ahh tiro!

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Colóquio Winnicott



I COLÓQUIO WINNICOTT DO VALE DO PARAÍBA
Saúde, doença e prevenção em Winnicott
Data: 25 de abril de 2009Local: Teatro São Joaquim (Centro UNISAL)
Cidade: Lorena - SPPromoção Sociedade Brasileira de Psicanálise Winnicottiana
Grupo Winnicott de Lorena
CoordenadoraProfa. Dra. Denise ProcópioCoordenador adjuntoRodolfo FerrazConferencistas convidados
Elsa Oliveira Dias (SPBW)
Leopoldo Fulgencio (PUCCamp, SBPW)
Orestes Forlenza Neto (SBPSP, SPBW)
Roseana Moraes Garcia (PUCSP, SBPW)
Zeljko Loparic (PUCSP, Unicamp, SBPW)
Telefones: (11) 3676.0635 / 3675.6545

Surpresas



"Se você fizer tudo o que pode para promover o crescimento pessoal de seus filhos, vai ter de ser capaz de lidar com resultados incríveis. Se seus filhos acabarem se encontrando, não vão se contentar senão em se encontrar em sua totalidade, e isso vai incluir a agressão e os elementos destrutivos em si próprios, assim como os elementos que podem ser rotulados como amor. Vai ser uma longa luta que vocês terão que enfrentar. [...] É claro que meninos e meninas podem dar um jeito de atravessar essa fase, por meio de uma série de acordos com os pais, sem necessariamente manifestar rebelião em casa. No entanto, é prudente lembrar que a rebelião pertence à liberdade que vocês deram aos seus filhos, quando os criaram de modo a que eles existissem por si próprios. Poder-se-ia dizer, em alguns momentos: Você semeou um bebê e colheu uma bomba. [...] Os pais não podem fazer muita coisa; o melhor que têm a fazer é sobreviver, sobreviver intactos, sem mudar de cor, sem negar qualquer princípio importante (WINNICOTT, 2005, p. 124).

Crônica sobre a minha irmã e as minhas transferências positivas.




É sempre nostálgico pensar em como esse ser chegou lá em casa: Era assim uma tarde bem gostosa sabe, tipo aquelas de tomar picolé de uva e sentir cheiro de chuva, mais ou menos assim; logo que eu pisei na cozinha da casa antiga senti o seu cheiro, estava um quentinho na casa toda, uma sensação boa e vários sentimentos passando pela minha cabeça: era minha irmã. Cheguei no quarto e vi toda pequeninha, gordinha, delicada e desprotegida, e eu cheguei tão perto pra tocar. Aprendi um monte de coisas, desde as mamadeiras até o aprender a trocar as fraldas, o fazer dormir virou pra mim um verdadeiro brincar de boneca. Era a minha boneca principal, aquelas de porcelana, que você tem que tomar um cuidado, se não quebra. Pois é, essa boneca cresceu e de porcelana não tem é nada, e de delicada... só a liberdade e as palavras. E de desprotegida, só as fantasias, cresceu e nem disse pra onde. Nem me avisou, e aí agora fica assim : linda na foto, intensa e madura demais. Importante demais pra mim mesma. Faz pose de eu não tô nem aí, hum...mas está por tudo e por ali, quer fazer tatuagem, colocar alargador na orelha (fico louca com isso), quer viajar, acabar com o marasmo, ficar famosa, ter relacionamento aberto sem saber se dá conta, quer tanta coisa e consegue ser tanta coisa, o que é mais impressionante. Uma flor. Em pensar que pela Dinâmica da Transferência estamos sempre tão ligadas.

Amor líquido



Amor líquido – sobre a fragilidade dos laços humanos, de Zigmunt Bauman, mostra-nos que hoje estamos mais bem aparelhados para disfarçar um medo antigo. A sociedade neoliberal, pós-moderna, líquida, para usar o adjetivo escolhido pelo autor, e perfeitamente ajustado para definir a atualidade, teme o que em qualquer período da trajetória humana sempre foi vivido como uma ameaça: o desejo e o amor por outra pessoa. O mais recente título do sociólogo polonês, que recebeu os prêmios Amalfi (em 1989, pelo livro Modernidade e Holocausto), e Adorno (em 1998, pelo conjunto de sua obra), é uma leitura precisa e eloqüente, um convite a uma reflexão aberta não apenas aos estudantes e interessados em trabalhos acadêmicos. O seu texto claro, apesar de fortemente estruturado numa erudição consistente, não deixa de abrir espaço para o leitor comum, interessado em compreender como as estruturas sociais e econômicas dos tempos atuais, tentam dar conta da complexidade do amor que, com a permissão de citá-lo mais uma vez, é “uma hipoteca baseada num futuro incerto e inescrutável”.


Programa de Educação em Diabetes e Obesidade da primeira à terceira idade

O DIABEST é um programa de Promoção de saúde e prevenção de doenças aplicado por uma equipe de profissionais.Atuamos em vários bairros do Rio de Janeiro com Workshops para leigos e para profissionais de saúde. Nossa sede situa-se num Shopping da Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, onde utilizamos as dependências deste lindo local para execução de atividades práticas que imitam o cotidiano de nossos associados.O programa de Diabetes é baseado no MYD (Mastering Your Diabetes) adaptado do Diabetes Research Institute. Nosso planejamento de Oficinas semanais inclui grupos específicos.O DIABEST conta com apoio de empresas como a Johnson&johnson, entre outras, promovendo oficinas práticas e interativas de monitorização da glicemia, orientação alimentar, atividade física, Alcance do peso saudável , entre outras. Além de informações com temas atuais, realizamos eventos sociais e lúdicos como passeios, chás, e programas voltados exclusivamente pra crianças.Para profissionais de saúde promovemos Workshops de atualização como Bomba de Infusão subcutânea de Insulina, softwares e monitores de glicemia, Contagem de Carboidratos, Suporte educacional em clínicas e consultórios. O cadastro no site é gratuito. Informamos via e-mail a programação.Nossa equipe (Nutricionistas, educador físico, fisioterapeuta, psicólogos, enfermeira) realiza atendimentos individuais para associados e não associados. Não realizamos consultas médicas. Objetivo principal é complementar o atendimento clínico incentivando os participantes a executar corretamente as prescrições de seu médico , trazendo assim maior adesão e sucesso ao tratamento.O DIABEST foi criado para trazer para a família informação sobre saúde com conforto, segurança e qualidade de vida. Tudo isso com muito humor e prazer em estar junto.







Diabest-Centro de Educação em Diabetes e ObesidadeAvenida das Américas 700, loja 216 “G” - Barra da Tijuca - RJTel-83059965 / 3045-9544;

Antigas Crônicas Psicológicas baratas!



Panela de Feijão

Maria é uma doce menina que divide apartamento comigo há uns 6 meses. Na quinta-feira passada ela resolveu colocar para cozinhar em uma enorme panela: Feijão. quando pensou em fazê-lo pensou em seu namorado, às vezes ele vem jantar aqui em casa. Bom, a questão foi que ela fez o tal feijão, eles jantaram e a panela com a metade de todo aquele feijão ficou esquecida por dias em cima do fogão. Devido ao seu esquecimento, ativei a sua memória após aqueles dias suportando o cheiro que começou a se alastrar pela cozinha. Lembrei agora também que eu não mencionei que a Maria não gosta muito dos serviços domésticos, ou melhor qualquer coisa que mereça assim tipo de esforço físico tremendo. Então, quando a situação da panela de feijão ficou crítica mesmo e ela teve que colocar a mão na massa...ah, esqueci também de mencionar que a Maria também destesta coisas muito nojentas, tipo vômito, clara de ovo, gozo e tal. O fato foi que ela teve que colocar a mão na massa, jogar fora os caroços e o caldo de feijão estragado da panela. Pela sua descrição desse evento que era a mesma da minha imaginação ficou muito claro todo o seu sofrimento ao ter que colocar todos aqueles grãos podres com todo aquele caldo esverdeado e espesso dentro da lata de lixo. Na simples responsabilidade daquela ação o que prevaleceu foi apenas o seu repúdio e o seu nojo desmedido. Em seu relato absurdamente carregado de raiva até recordações familiares vieram à tona. As frases da sua cruel história eram: Eu não preciso lavar essa panela de feijão, nunca fiz isso na minha casa. Que ódio que eu tenho dessa panela de feijão, que ódio do meu namorado por ele querer jantar e eu ter que fazer feijão. Nunca mais faço feijão. O show foi grande e a raiva também. só vendo pra saber.

Bom, se você não entendeu esse deseperdício e a doce Maria ficando puta da vida por causa de um simples esquecimento de uma panela de feijão podre no fogão eu confesso que também fiquei meio chocada. Mas, resolvi pensar da seguinte forma e ouvir da seguinte maneira esse relato: É difícil direcionar a raiva quando não sabemos de onde ela vem. O mais fácil é elaborá-la e denominá-la: feijão.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Dia 05/02/2009 - Instituto Fernandes Figueira e a Santa Casa de Misericórdia



Evento contará com palestras sobre câncer de mama


A Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, parceira do Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), realizará no dia 5 de fevereiro, a partir das 9 horas, um evento para exaltar os 100 anos de criação do Serviço de Radiologia da Santa Casa. O evento contará com palestras sobre o câncer de mama, discussões sobre as ações da Sociedade Brasileira de Mastologia, atividades para os médicos residentes e homenagens aos grandes incentivadores das campanhas de combate à doença. O auditório da Provedoria da Santa Casa Rio fica na Rua Santa Luzia, 206 – Castelo.
Programação:
9h - Abertura Dr Dahas Zarur – Provedor da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro. Homenagem à atriz Cássia Kiss e homenagem póstuma aos professores Manuel Cymberknoh e Cláudio Kemp
10h – Palestra“O Câncer de Mama – Visão do Ministério da Saúde”Dr Luiz Santini - Diretor do Inca
Discussão: Dr Aldemir Soares - CBR Dr Carlos Ricardo Chagas – SBM
14hServiço de Radiologia Auditório A: Tutorial BI-RADS Prof Nestor de BarrosServiço de Radiologia Auditório B: O que e como ensinar o diagnóstico por imagem da mamaProf Hilton Augusto Koch
16h – EncerramentoProf Hilton Augusto Koch

A reinvenção da Velhice!


O livro é ótimo e parte dele está disponível neste site.

Psicólogos integrados em equipe multidisciplinar e os cuidados com o paciente diabético