
Eu costumo dizer erroneamente que deve ser bom ser fonte de conhecimento, saber de assuntos específicos, falar de várias coisas importantes, explicar e entender recentes descobertas. Mas isso é tão absurdo, eu sou tão ignorante que me surpreendo diariamente com as fontes que descubro. Por exemplo, no mês passado conheci Kabir, um poeta indiano que escreveu coisas lindas que eu nunca tinha pensado antes como as sensações e memórias que guardamos no nosso corpo. Ele provavelmente não tirou isso do nada. Conheci também, com muita vergonha, por não ter conhecido antes: Osman Lins. No primeiro conto que li dele, chorei de soluçar, e já coloquei nos meus arquivos mentais, lindo. Ouvi esses dias também de um filósofo muito atual: Mário Cortella, que os nossos desejos estão sendo confundidos por nós por direitos. Ou seja, eu desejo aquilo e me acho no direito de possuí-lo. Incrível como ele chegou nessa conclusão, pensando agora é tão claro. Descobri em Bauman que o desejo deseja o desejo e não a satisfação, e que essa é a marca do ser globalizado. E me senti imensamente diferente por isso.
Não existe a fonte, existem dezenas delas espalhadas, trezenas de idéias circulando que não são minhas nem serão, mas não me impeço de apreciá-las. Fico um pouco irritada às vezes porque todos pensavam ou pensam coisas tão comuns a mim hoje, tão próximas daquilo que estou sendo agora. É esquisito, mas em cada singularidade existe um número enorme de discursos, textos, histórias e contextos que trazem aquilo que vai se tornar só nosso.
E a minha santa ignorância é tão plena. Com muito prazer que venham conhecimentos sentidos e que tentem me convencer de que não é só isso.
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